Lacunas de comunicação entre ortopedia e fisioterapia após reparação do manguito rotador: um estudo multicêntrico no Iraque
DOI:
https://doi.org/10.47197/retos.v71.117411Palavras-chave:
Reparo do manguito rotador, comunicação, fisioterapia, cirurgia ortopédica, reabilitação, colaboração em saúdeResumo
Introdução. A comunicação entre cirurgiões ortopédicos e fisioterapeutas é essencial para o sucesso da reabilitação após a reparação da coifa dos rotadores. Este estudo examina os padrões, o tempo, os métodos e a frequência de comunicação no Iraque, destacando os factores que melhoram a transferência de informação.
Métodos: Foi realizado um estudo transversal multicêntrico (junho de 2023 a junho de 2024) envolvendo 45 cirurgiões ortopédicos e 89 fisioterapeutas em ambientes de saúde públicos, privados e académicos. Dois questionários online validados avaliaram os padrões de referenciação, a frequência de comunicação, a completude da informação, as estratégias de educação do doente e as causas percebidas de falha da reparação do manguito rotador (RCR). Os dados foram analisados através de estatística descritiva, testes de qui-quadrado e de McNemar, análise de correlação e regressão logística multivariada.
Resultados: A comunicação pouco frequente foi referida por 31% dos cirurgiões e 47% dos fisioterapeutas (p = 0,040). Apenas 16% dos cirurgiões referenciaram os doentes dentro do período pós-operatório ideal de ≤2 semanas; 49% adiaram as referenciações por mais de 4 semanas. Apesar de 84% dos cirurgiões referirem ter fornecido notas cirúrgicas, apenas 35% dos fisioterapeutas receberam informação pós-operatória completa (p < 0,001). A análise multivariada mostrou que a formação interprofissional prévia (OR = 3,22; IC 95%: 1,64–6,31) e o trabalho no setor privado (OR = 2,14; IC 95%: 1,08–4,23) foram preditores significativos de comunicação eficaz. Ambos os grupos identificaram a reabilitação deficiente e a não adesão do doente como os principais fatores que contribuem para o insucesso da RCR.
Conclusões: Existem lacunas significativas na comunicação interprofissional nos cuidados pós-RCR no Iraque, caracterizadas por encaminhamentos tardios, transferência incompleta de informação e dependência da educação verbal do doente. São necessários protocolos de encaminhamento padronizados, ferramentas de comunicação estruturadas e plataformas digitais seguras para melhorar os cuidados colaborativos e otimizar os resultados dos doentes.
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