Comparação entre treinamento periodizado e não periodizado na aptidão física: uma revisão guarda-chuva

Autores

  • Guilherme Lisboa de Serpa Universidade Estadual do Ceará
  • Sayd Douglas Carneiro de Oliveira Universidade Estadual do Ceará
  • Welton Daniel Nogueira Godinho Universidade Estadual do Ceará
  • Adriano César Carneiro Loureiro Universidade Estadual do Ceará

DOI:

https://doi.org/10.47197/retos.v70.114374

Palavras-chave:

Exercício Físico, periodização, não periodização, desporto

Resumo

Introdução: O comportamento sedentário aumenta o risco de doenças crónicas, tornando-se essencial a prática regular de atividade física. A periodização ou programação do treino é crucial para garantir a eficácia e segurança, ajustando o volume e a intensidade de acordo com a condição física do indivíduo.

Objectivo: sintetizar revisões que compararam o treino periodizado e não periodizado nas componentes da aptidão física, ajudando os treinadores a tomarem decisões baseadas na evidência.

Metodologia: A revisão seguiu as diretrizes PRISMA, foi registada no PROSPERO (CRD42021258620) e procurou estudos entre maio de 2023 e junho de 2025, nas bases de dados Medline, EMBA-SE, Biblioteca Cochrane, Scielo e LILACS, bem como no Google Scholar e outras. Foram incluídas revisões sistemáticas sobre os parâmetros de aptidão física, com avaliação da qualidade metodológica pelo AMSTAR-2.

Resultados: Os achados indicaram que o treino periodizado produziu um efeito moderadamente maior nos ganhos de força muscular em comparação com o treino não periodizado. Em contraste, ambas as abordagens de treino demonstraram resultados semelhantes em relação à hipertrofia muscular. A análise geral revelou uma considerável heterogeneidade entre os protocolos utilizados nas revisões incluídas, bem como a necessidade de estudos adicionais com descrições mais detalhadas das características dos participantes.

Discussão: A fraca adesão aos critérios AMSTAR-2 comprometeu a fiabilidade dos resultados. A falta de uma definição clara da periodização e de dados como o IMC médio dificultou a interpretação.

Conclusões: O treino periodizado demonstrou ser mais eficaz para a força e potência, com efeitos semelhantes na hipertrofia a curto prazo; os estudos apresentaram limitações metodológicas relevantes.

Biografias Autor

Guilherme Lisboa de Serpa, Universidade Estadual do Ceará

Mestre em Ciências Fisiológicas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Possui  especialização em Fisiologia do Exercício Físico pela mesma instituição. É graduado em licenciatura em educação física pela  (UECE) e bacharel pelo Centro Universitário de Jaguariúna (UNIFAJ). 

Sayd Douglas Carneiro de Oliveira, Universidade Estadual do Ceará

Possui Bacharelado em Educação Física pela Universidade Federal do Ceará - UFC (2019). É especialista em Cinesiologia, Biomecânica e Treinamento Físico pela Universidade Estácio de Sá (FIC). É Mestre e Doutorando pelo Programa de Pós-graduação em Ciências Fisiológicas pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), sendo membro pesquisador do Laboratório de Bioquímica e Expressão Gênica (LABIEX). É membro pesquisador do grupo de estudos em Neuroinflamação e Neurotoxicologia (GENIT). É vice-coordenador do Projeto de Extensão Universo TEA - UniTEA da Universidade Estadual do Ceará. Possui experiência na área de Educação Física e em Treinamento Personalizado.

Welton Daniel Nogueira Godinho, Universidade Estadual do Ceará

Possui graduação em Educação Física (UECE/2005), Doutor em Ciências Fisiológicas ( ISCB/UECE/2022), Mestre em ciências Fisiológicas (ISCB/2017), Especialista em Treinamento de Força (UECE/2017), Especialista em Fisiologia e biomecânica do Exercício (FIC/ 2007)., especialista em Gestão escolar (Cruzeiro do Sul/2024). Atualmente é Conselheiro do CREF5, Membro efetivo da Sociedade Brasileira de Fisiologia (SBFis), Filiado ao ACSM ( American College of Sport Medicine). Possui cargo de professor efetivo da secretária de Educação do Ceará, Professor Universitário, Unifametro, presidente da câmera de saúde (CREF5), Diretor Cientifico da Federação Cearense de Culturismo Musculação e Fitness, presidente da comissão técnica/científica da Associação Cearense de Personais Trainers (ACEPT) foi professor temporário da Universidade Estadual do Ceará no período de 2015 a 2023, possui linha de pesquisa em doenças neurodegenerativas, Fisiologia do Exercício e Treinamento de Força, autor de livro e artigos relacionados aos referidos temas.

Adriano César Carneiro Loureiro, Universidade Estadual do Ceará

Licenciatura Plena em Educação Física (UNIFOR). Especializações em Nutrição e Exercício Físico (UECE), Fisiologia do Exercício (UFPR) e Bioquímica Clínica e Biologia Molecular (UFC). Mestrado em Ciências Fisiológicas (UECE). Doutorado em Biologia/Fisiologia (UFRJ). Pós-doutorado em Fisiologia (UFRJ). Aperfeiçoamento em Teoria e Metodologia do Treinamento de Atletas de Alto Rendimento pela Universidade Estatal da Rússia de Educação Física, Esporte e Turismo. Atualmente é professor adjunto da UECE e pesquisador do Programa de Pós-graduação em Nutrição e Saúde (PPGNS) e do Programa de Pós-graduação em Ciências Fisiológicas (PPGCF) da UECE. Conselheiro Federal de Educação Física do CONFEF. Membro do Time do Brasil em 3 Olimpíadas (Atenas, Pequim e Tóquio). Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase em Treinamento Esportivo e Fisiologia do Exercício, atuando principalmente nos seguintes temas: performance, treinamento físico, esportes, alto rendimento, estresse oxidativo, metabolismo, diabetes, grupos especiais, nutrição.

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Publicado

2025-07-16

Como Citar

Lisboa de Serpa, G., Carneiro de Oliveira, S. D., Nogueira Godinho, W. D., & Carneiro Loureiro, A. C. (2025). Comparação entre treinamento periodizado e não periodizado na aptidão física: uma revisão guarda-chuva. Retos, 70, 882–892. https://doi.org/10.47197/retos.v70.114374

Edição

Secção

Revisões teóricas sistemáticas e/ou metanálises