Comparação entre treinamento periodizado e não periodizado na aptidão física: uma revisão guarda-chuva
DOI:
https://doi.org/10.47197/retos.v70.114374Palavras-chave:
Exercício Físico, periodização, não periodização, desportoResumo
Introdução: O comportamento sedentário aumenta o risco de doenças crónicas, tornando-se essencial a prática regular de atividade física. A periodização ou programação do treino é crucial para garantir a eficácia e segurança, ajustando o volume e a intensidade de acordo com a condição física do indivíduo.
Objectivo: sintetizar revisões que compararam o treino periodizado e não periodizado nas componentes da aptidão física, ajudando os treinadores a tomarem decisões baseadas na evidência.
Metodologia: A revisão seguiu as diretrizes PRISMA, foi registada no PROSPERO (CRD42021258620) e procurou estudos entre maio de 2023 e junho de 2025, nas bases de dados Medline, EMBA-SE, Biblioteca Cochrane, Scielo e LILACS, bem como no Google Scholar e outras. Foram incluídas revisões sistemáticas sobre os parâmetros de aptidão física, com avaliação da qualidade metodológica pelo AMSTAR-2.
Resultados: Os achados indicaram que o treino periodizado produziu um efeito moderadamente maior nos ganhos de força muscular em comparação com o treino não periodizado. Em contraste, ambas as abordagens de treino demonstraram resultados semelhantes em relação à hipertrofia muscular. A análise geral revelou uma considerável heterogeneidade entre os protocolos utilizados nas revisões incluídas, bem como a necessidade de estudos adicionais com descrições mais detalhadas das características dos participantes.
Discussão: A fraca adesão aos critérios AMSTAR-2 comprometeu a fiabilidade dos resultados. A falta de uma definição clara da periodização e de dados como o IMC médio dificultou a interpretação.
Conclusões: O treino periodizado demonstrou ser mais eficaz para a força e potência, com efeitos semelhantes na hipertrofia a curto prazo; os estudos apresentaram limitações metodológicas relevantes.
Referências
Afonso, J., Rocha, T., Nikolaidis, P. T., Clemente, F. M., Rosemann, T., & Knechtle, B. (2019). A systema-tic review of meta-analyses comparing periodized and non-periodized exercise programs: Why we should go back to original research. Frontiers in Physiology, 10, 1023. https://doi.org/10.3389/fphys.2019.01023
Becker, L. A., & Oxman, A. D. (2017). Overviews of reviews. In J. P. T. Higgins, J. Thomas, J. Chandler, M. Cumpston, T. Li, M. J. Page, & V. A. Welch (Eds.), Cochrane handbook for systematic reviews of interventions (Version 6.0). Cochrane. https://training.cochrane.org/handbook
Bertazone, T. M. A., Medeiros, L. H. D. L., Oliveira, C. I. D., Bueno Junior, C. R., & Stabile, A. M. (2022). Periodized combined training in physically active overweight women over 50 years. Motriz: Revista de Educação Física, 28, e10220009721
Botero, J. P., Shiguemoto, G. E., Prestes, J., Marin, C. T., Do Prado, W. L., Pontes, C. S., Guerra, R. L., Fe-rreia, F. C., Baldissera, V., & Perez, S. E. (2013). Effects of long-term periodized resistance trai-ning on body composition, leptin, resistin and muscle strength in elderly post-menopausal wo-men. The Journal of Sports Medicine and Physical Fitness, 53(3), 289–294.
Burnet, K., Kelsch, E., Zieff, G., Moore, J. B., & Stoner, L. (2019). How fitting is F.I.T.T.?: A perspective on a transition from the sole use of frequency, intensity, time, and type in exercise prescription. Physiology & Behavior, 199, 33–34. https://doi.org/10.1016/j.physbeh.2018.11.007
Cunanan, A. J., DeWeese, B. H., Wagle, J. P., Carroll, K. M., Sausaman, R., Hornsby, W. G., Haff, G. G., Tri-plett, N. T., Pierce, K. C., & Stone, M. H. (2018). The General Adaptation Syndrome: A founda-tion for the concept of periodization. Sports Medicine (Auckland, N.Z.), 48(4), 787–797. https://doi.org/10.1007/s40279-017-0855-3
Dantas, E. H. M., Barrón-Luján, J. C., Bispo, M. D. C., Godoy, E. S., Santos, C. K. A., Bello, M. N. D., & Gasté-lum-Cuadras, G. (2022). Criteria for identifying and assessing sports training periodization mo-dels / Criterios para identificar y evaluar modelos de periodización de entrenamiento deporti-vo. Retos, 45, 174–183. https://doi.org/10.47197/retos.v45i0.90837
Dunstan, D. W., Howard, B., Healy, G. N., & Owen, N. (2012). Too much sitting—a health hazard. Diabe-tes Research and Clinical Practice, 97(3), 368–376. https://doi.org/10.1016/j.diabres.2012.05.020
Duque, A. F., Delgado Gutierrez, K. A., Prado Velez, J. S., Gaviria Chavarro, J., Galeano Virgen, J. D., Ore-juela Aristizabal, D. F., & Motato Rodriguez, L. A. (2025). Influencia entre edad, nivel académi-co y selección de modelos de periodización en entrenadores de fútbol. Retos, 70, 632– 643. https://doi.org/10.47197/retos.v70.113 783
Ekelund, U., Steene-Johannessen, J., Brown, W. J., Fagerland, M. W., Owen, N., Powell, K. E., Bauman, A., Lee, I. M., Lancet Physical Activity Series 2 Executive Committee, & Lancet Sedentary Beha-viour Working Group. (2016). Does physical activity attenuate, or even eliminate, the detrimen-tal association of sitting time with mortality? A harmonised meta-analysis. The Lancet, 388(10051), 1302–1310. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)30370-1
Grgic, J., Lazinica, B., Mikulic, P., & Schoenfeld, B. J. (2018). Should resistance training programs aimed at muscular hypertrophy be periodized? Science & Sports, 33(3), e97–e104. https://doi.org/10.1016/j.scispo.2017.09.005
Hornsby, W. G., Fry, A. C., Haff, G. G., & Stone, M. H. (2020). Addressing the confusion within periodiza-tion research. Journal of Functional Morphology and Kinesiology, 5(3), 68. https://doi.org/10.3390/jfmk5030068
Jüni, P., Altman, D. G., & Egger, M. (2001). Systematic reviews in health care: Assessing trial quality. BMJ, 323(7303), 42–46. https://doi.org/10.1136/bmj.323.7303.42
Katzmarzyk, P. T. (2023). Expanding our understanding of the global impact of physical inactivity. The Lancet Global Health, 11(1), e2–e3. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(22)00482-X
Page, M. J., McKenzie, J. E., Bossuyt, P. M., Boutron, I., Hoffmann, T. C., Mulrow, C. D., Shamseer, L., Te-tzlaff, J. M., Akl, E. A., Brennan, S. E., Chou, R., et al. (2021). The PRISMA 2020 statement. BMJ, 372, n71. https://doi.org/10.1136/bmj.n71
Petersen, A. M., & Pedersen, B. K. (2005). The anti-inflammatory effect of exercise. Journal of Applied Physiology, 98(4), 1154–1162. https://doi.org/10.1152/japplphysiol.00164.2004
Peterson, D. D. (2018). Fitness testing: Not just for athletes. Strength & Conditioning Journal, 40(5), 1–4. https://doi.org/10.1519/SSC.0000000000000393
Peterson, M. D., Rhea, M. R., & Alvar, B. A. (2020). Periodization for older adults. Sports Medicine, 50(9), 1463–1472. https://doi.org/10.1007/s40279-020-01333-5
Posadzki, P., Pieper, D., Bajpai, R., Makaruk, H., Könsgen, N., Neuhaus, A. L., & Semwal, M. (2020). Exercise and health outcomes: Overview. BMC Public Health, 20, 1724. https://doi.org/10.1186/s12889-020-09855-3
Rhea, M. R., & Alderman, B. L. (2004). Periodized vs. nonperiodized training. Research Quarterly for Exercise and Sport, 75(4), 413–422. https://doi.org/10.1080/02701367.2004.10609174
Riebe, D., Ehrman, J. K., Liguori, G., & Magal, M. (2018). Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição (10ª ed.). Guanabara Koogan.
Santos, A. C., Willumsen, J., Meheus, F., Ilbawi, A., & Bull, F. C. (2023). The cost of inaction on inactivity. The Lancet Global Health, 11(1), e32–e39. https://doi.org/10.1016/S2214-109X(22)00464-8
Schoenfeld, B. J., Ogborn, D., & Krieger, J. W. (2017). Training frequency and hypertrophy. Sports Me-dicine, 47(12), 2585–2601. https://doi.org/10.1007/s40279-017-0762-z
Shea, B. J., Reeves, B. C., Wells, G., Thuku, M., Hamel, C., Moran, J., Moher, D., Tugwell, P., Welch, V., Kristjansson, E., & Henry, D. A. (2017). AMSTAR 2. BMJ, 358, j4008. https://doi.org/10.1136/bmj.j4008
Shokraneh, F. (2019). Reproducibility and replicability of systematic reviews. World Journal of Meta-Analysis, 7(3), 66–71. https://doi.org/10.13105/wjma.v7.i3.66
Steele, J., Fisher, J., & Smith, D. (2018). Periodized vs. non-periodized resistance training. Sports Medi-cine, 48(3), 487–498. https://doi.org/10.1007/s40279-017-0837-6
Wackerhage, H., & Schoenfeld, B. J. (2021). Personalized training plans. Sports Medicine, 51(9), 1805–1813. https://doi.org/10.1007/s40279-021-01495-w
Wilder, R. P., Greene, J. A., Winters, K. L., Long, W. B., Gubler, K., & Edlich, R. F. (2006). Physical fitness assessment: An update. Journal of Long-Term Effects of Medical Implants, 16(2), 193–204. https://doi.org/10.1615/jlongtermeffmedimplants.v16.i2.90
Williams, T. D., Tolusso, D. V., Fedewa, M. V., & Esco, M. R. (2017). Periodized vs. non-periodized strength training. Sports Medicine, 47(10), 2083–2100. https://doi.org/10.1007/s40279-017-0734-y
Xu, C., Furuya-Kanamori, L., Liu, Y., Færch, K., Aadahl, M., Seguin, R. A., LaCroix, A., Basterra-Gortari, F. J., Dunstan, D. W., Owen, N., & Doi, S. A. R. (2019). Sedentary behavior and mortality. Journal of the American Medical Directors Association, 20(10), 1206–1212.e3. https://doi.org/10.1016/j.jamda.2019.05.001
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Secção
Licença
Direitos de Autor (c) 2025 Guilherme Lisboa de Serpa; Sayd Douglas Carneiro de Oliveira; Welton Daniel Nogueira Godinho, Adriano César Carneiro Loureiro

Este trabalho encontra-se publicado com a Licença Internacional Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0.
Autores que publicam nesta revista concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e assegurar a revista o direito de ser a primeira publicação da obra como licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite que outros para compartilhar o trabalho com o crédito de autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Os autores podem estabelecer acordos adicionais separados para a distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicado na revista (por exemplo, a um repositório institucional, ou publicá-lo em um livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- É permitido e os autores são incentivados a divulgar o seu trabalho por via electrónica (por exemplo, em repositórios institucionais ou no seu próprio site), antes e durante o processo de envio, pois pode gerar alterações produtivas, bem como a uma intimação mais Cedo e mais do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre) (em Inglês).
Esta revista é a "política de acesso aberto" de Boai (1), apoiando os direitos dos usuários de "ler, baixar, copiar, distribuir, imprimir, pesquisar, ou link para os textos completos dos artigos". (1) http://legacy.earlham.edu/~peters/fos/boaifaq.htm#openaccess